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Social media 05"Caminhos para o fortalecimento dos sistemas de saúde"

 

O Dia Mundial dos Farmacêuticos é celebrado anualmente a 25 de setembro. A data idealizada pela Federação Internacional Farmacêutica (FIP - International Pharmaceutical Federation) foi instituída em 2009, aquando da realização da reunião do Conselho da FIP em Istambul, Turquia.

Todos os anos a FIP anuncia um tema sobre o qual as associações e indivíduos ligados à profissão farmacêutica organizam campanhas nacionais ou projetos locais para mostrar o bom trabalho que os profissionais farmacêuticos desempenham para ajudar a melhorar a saúde das pessoas em todo o mundo.

Para 2023, o tema de debate é “Farmácia: Fortalecendo os sistemas de saúde” com o objetivo de aumentar a conscientização dos farmacêuticos como uma “solução inteligente”, uma vez que a farmácia é essencial para o acesso à saúde e para uma cadeia de abastecimentos segura e o uso responsável dos medicamentos, no momento atual, em que os sistemas de saúde buscam ações urgentes e necessárias para que os serviços de saúde atendam às necessidades futuras.

Anualmente, a campanha do Dia Mundial do Farmacêutico constitui uma oportunidade para a farmácia celebrar suas conquistas no apoio à sociedade, mas também para defender seu valor e potencial para melhorar a saúde. Assim, os colegas de Cabo Verde são encorajados a juntarem-se à Ordem dos Farmacêuticos de Cabo Verde (OFCV) e à FIP na campanha deste ano.

Com uma abordagem visionária e objetivos baseados em evidências, a FIP colabora com os seus membros para identificar oportunidades transformadoras que promovam avanços na farmácia em todos os setores e funções, tendo, para isso, lançado recentemente o website provision.fip.org.

Sem dúvidas, a profissão farmacêutica é essencial para o acesso à saúde, uma cadeia de abastecimento segura e uso responsável dos medicamentos e demais produtos de farmacêuticos.

Numa altura em que os sistemas de saúde em todo o mundo estão a recuperar da crise causada pela COVID-19 e o consenso geral é de que são necessárias medidas urgentes para que os serviços de saúde satisfaçam as necessidades futuras, a profissão farmacêutica constitui uma solução inteligente, pois os farmacêuticos fortalecem os cuidados de saúde e promovem a qualidade de vida, seja através da prevenção de doenças, prestação de aconselhamento, fornecimento de suporte para a equipa multiprofissional, ou ainda, da otimização a terapia individualizada.


A OFCV apoia os profissionais que estão a transformar os sistemas de saúde.

 

Uma abordagem centrada nas pessoas é o primeiro passo para garantir que aqueles com quem trabalhamos sejam os motores do progresso e liderem seu próprio caminho para alcançarmos sistemas de saúde ideais, equitativos e de qualidade.

Devemos trabalhar para o fortalecimento dos sistemas de saúde como meio de enfrentar os principais desafios da saúde, alcançar a cobertura universal de saúde e, em última instância, melhorar a saúde da população. Conseguiremos melhorar as funções do sistema de saúde por meio de mudanças nas políticas e práticas que aumentam o acesso, a cobertura, a qualidade e/ou a eficiência dos serviços de saúde, levando a melhores resultados de saúde nos países onde trabalhamos.

Vale a pena considerarmos o capital humano como nossa melhor ferramenta, como a base para o fortalecimento dos sistemas de saúde.

 

Algumas pistas para caminharmos para o fortalecimento dos sistemas de saúde:

  1. Pensamento sistémico da saúde

São vários os desafios (muitos são complexos) que afetam a dinâmica da procura e recebimento dos cuidados de saúde. Portanto, devemos adotar uma abordagem holística para podermos compreender todos os elementos que afetam o desempenho do sistema de saúde, incluindo a economia, a política, a disponibilidade de recursos, a cultura e regulamentações locais e o impacto de outros setores como a agricultura e a educação. É importante compreendermos como essas conexões se dão e analisarmo-las de forma a gerarmos evidências que colaborem na tomada de decisões acertadas. Quais são os elementos facilitadores e quais são as barreiras ao acesso e uso dos serviços de saúde? Quais são as causas da sua génese e que potenciais oportunidades para desencadear mudanças e melhorias?

Faz-se necessário instituirmos parcerias multissetoriais e envolvermos as comunidades, para numa lógica de auscultação e construção conjunta, desenvolvermos soluções locais, adaptadas e baseadas em dados. A capacidade de adaptação contínua à medida que avançamos poderá ser uma grande aliada nesse caminho.

Vemos o trabalho e a colaboração interdisciplinar entre os profissionais de saúde como uma bússola nesse caminho para o fortalecimento dos sistemas de saúde.

 

  1. Melhorar as informações estratégicas para a tomada de decisões

Informações estratégicas atualizadas e confiáveis orientam a tomada de decisões acertadas e permitem que os indivíduos cuidem da sua saúde, que os governos direcionem melhor os recursos e o pessoal disponíveis, e que os sistemas de saúde tenham informações de que precisam para o planeamento estratégico, financiamento e desenvolvimento de políticas.

A fundamentação para a tomada de decisão eficaz e, consequentemente, a melhoria dos sistemas de informação, advém de uma boa governança de dados, desde a coleta, a garantia de qualidade, o armazenamento, a análise e a apresentação, bem como o monitoramento, a avaliação e os esforços de aprendizagem.

 

  1. Atenção primária à saúde

Sistemas locais integrados e centrados na pessoa constituem o pilar da atenção primária à saúde. Ela é fundamental para garantir que os cuidados de saúde sejam equitativos e atendam às necessidades dos indivíduos e das comunidades. Um sistema de atenção primária à saúde forte, responsivo e sustentável é essencial para alcançar a cobertura universal de saúde, manter a saúde da população e prevenir a propagação de doenças infeciosas, ao mesmo tempo em que reduz a carga de doenças não transmissíveis e os custos de saúde. A atenção primária à saúde atua como o primeiro ponto de contacto com o sistema de saúde e fornece atendimento integrado e centrado na pessoa para as comunidades em todo o continuum de atendimento – desde a prevenção até o tratamento, passando pela reabilitação ou cuidados paliativos. Na comunidade, os cuidados primários de saúde abordam não apenas as necessidades de saúde individuais e familiares, mas também a questão mais ampla da saúde pública e as necessidades de populações definidas.

A construção de sistemas de saúde fortes que sejam acessíveis e responsivos às pessoas e suas comunidades e forneçam serviços de saúde que salvam vidas em todas as fases da vida, passa também pela presença e assunção de responsabilidades do e pelo Farmacêutico na atenção primária, particularmente, o controlo de todo o circuito de medicamentos na atenção primária.

 

  1. Gestão farmacêutica e da cadeia de abastecimento

Há que garantir o acesso a produtos e medicamentos de qualidade e o Farmacêutico é o profissional de saúde competente para tal. O acesso a produtos de saúde, medicamentos e serviços relacionados – seja para evitar gravidez indesejada, prevenir infeções ou tratar doenças – não deve ser um empreendimento arriscado. As pessoas devem esperar receber produtos de saúde seguros e de qualidade, dispensados ​​corretamente, a um preço acessível. 

Cabo Verde precisa dar o passo seguinte, rumo ao fortalecimento de sistemas farmacêuticos e da cadeia de suprimentos, trabalhar de forma sustentável por meio da boa governança, eficiência de recursos, liderança nacional e desenvolvimento de conhecimento técnico local e autossuficiência. 

Notamos importantes conquistas no nosso país, mas temos mais caminho a percorrer, no sentido de melhorar os sistemas regulatórios, a aplicação da conformidade, a otimização do financiamento e o desenvolvimento de sistemas robustos para distribuir medicamentos e produtos de saúde com garantia de qualidade a fornecedores e pacientes.

 

  1. Recursos humanos para a saúde

É preciso fortalecer a força de trabalho em saúde.

Os sistemas de saúde só podem funcionar com profissionais de saúde em quantidade e qualidade necessárias. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima um déficit projetado de 18 milhões de profissionais de saúde até 2030, principalmente em países de renda baixa e média-baixa. O aumento do número de profissionais de saúde com as habilidades certas, no lugar certo e na hora certa deve ser apoiado por uma análise de necessidades eficaz, reformas políticas equitativas e planeamento e gestão eficientes.

Nalguns países já se utilizam os Indicadores de Carga de Trabalho de Necessidade de Pessoal (WISN, do inglês Workload Indicators of Staffing Need) para melhorar a política e o planeamento da força de trabalho e desenvolver recrutamento eficaz; desdobramento, desenvolvimento; retenção; diversidade, equidade e inclusão; e processos de gestão de desempenho. Usando o WISN, os gestores definem sistematicamente as atividades de serviço e suporte de cada quadro e a quantidade de tempo necessária para realizar cada uma. Com base nessas informações e no número médio de clientes que visitam o hospital diariamente, calcula-se o número necessário de funcionários por quadro para prestar adequadamente serviços de saúde de qualidade em cada departamento.

Os Farmacêuticos de Cabo Verde do setor público ainda aguardam a implementação da Carreira Profissional Farmacêutica e do PCCS.

 

  1. Liderança, gestão e governança

Precisamos desenvolver gestores que lideram!

Sistemas de saúde fortes começam com liderança inspirada e governança responsável, transparente e participativa.

Os profissionais de saúde e gestores precisam de recursos para apoiar seu trabalho e os usuários dos serviços devem responsabilizar os sistemas de saúde por seu desempenho. Os líderes e gestores do sistema de saúde precisam de habilidades para envolver as partes interessadas, motivar os funcionários, melhorar a qualidade e implementar intervenções (não raras vezes, nos deparamos com profissionais de saúde desmotivados, desinteressados e nada empáticos, com atendimento mecanizado).

Práticas de liderança, gestão e governança fortes levam a sistemas mais fortes que são mais capazes de projetar e dimensionar inovações locais, fornecer cuidados de qualidade responsivos, atender a metas ambiciosas de saúde e manter as melhorias do sistema de saúde. Abordagens práticas e lideradas localmente catalisam mudanças transformadoras no desempenho da equipa para promover uma cultura de excelência, responsabilidade compartilhada, serviços responsivos e melhoria contínua.

 

  1. Financiamento de sistemas de saúde eficientes, eficazes e equitativos

Num sistema de saúde bem financiado, os líderes de saúde alocam fundos com base nas necessidades reais, entendem orçamentos complicados e sabem quanto os serviços realmente custam. Os profissionais de saúde são incentivados a fornecer cuidados de alta qualidade e cumprir as metas de desempenho. Há que mobilizar recursos para a saúde e gastá-los de forma mais eficiente; tornar os orçamentos de saúde mais transparentes e desenvolver programas inovadores de financiamento e seguro saúde baseados em resultados para tornar os serviços de alta qualidade acessíveis a todos os que deles necessitam.

 

  1. Otimização de produtos e tecnologias em saúde (maximizando a saúde)

Todos os sistemas de saúde enfrentam o desafio de gerir e alocar recursos limitados. É importante termos ferramentas para determinar o valor de uma tecnologia de saúde - um medicamento, vacina, teste diagnóstico, dispositivo médico ou procedimento - para promover um sistema de saúde equitativo, eficiente e de alta qualidade (cadeiras odontológicas).

Esperamos ter deixado alguns elementos de reflexão e de estímulo para um debate salutar e próspero em busca de "Caminhos para o fortalecimento dos sistemas de saúde".

Um bem-haja a todos os Farmacêuticos de Cabo Verde, que a nossa comemoração e homenagem à profissão seja diária, nas nossas ações e desafios do quotidiano.

Muito obrigada.

 

A Bastonária,

Marcília Baticy Fernandes

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